06 novembro 2015

POPULAÇÃO CHAPADENSE VIVE DIAS DE ANGÚSTIA, SOFRIMENTO, REVOLTA E INCREDIBILIDADE POR CAUSA DA CRISE HÍDRICA

No ano de 1995 estive em Pesqueira/Pernambuco com o médico Dr. Joaquim Souto Filho para acompanhar um grande evento de teatro que acontecia na cidade. Além do envolvimento das pessoas com a cultura local, outro fato me chamou a atenção: a forte crise hídrica que a cidade atravessava. Nas casas que fui às pessoas tinham reservatórios de água em casa, ás vezes em um cômodo da residência específico para tal armazenamento.  O rio que abastecia a cidade estava seco. E nas ruas havia enormes filas de moradores aguardando por baldes com água fornecidos por carros pipas. E nas casas havia uma organização das famílias para economia de água. Mesmo acompanhando pela TV as notícias sobre a seca do Nordeste, fiquei na época perplexo em presenciar estas cenas do sertão nordestino. Principalmente por que naquele período tínhamos água em abundância no Rio Capivarí.
De lá para cá se passaram vinte anos, e as cenas que temos presenciado nas ruas de Chapada do Norte MG, são muito semelhante ás de Pesqueira ou á aquelas que a televisão repetia com freqüência sobre a seca no Nordeste: enormes filas de chapadenses aguardando para conseguir um balde d’água, relatos de moradores sobre as dificuldades enfrentadas, muita preocupação á respeito de qual será a solução para o problema, abusos e cenas de desrespeito com o próximo, cansaço, desânimo.
Repete-se no município de Chapada do Norte MG a crise causada pela falta de água, e seus moradores tem vividos dias de angústia, desespero, incredibilidade e sofrimento: o Rio Capivarí está seco, a estiagem dura já por um longo período de meses, o forte calor impera neste período, a Copanor, empresa responsável pela distribuição da água encontra sérias dificuldades para distribuir água, e por enquanto soluções ainda não apareceram.
Há bairros onde os moradores têm relatado que não receberam água em suas residências após o término da Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos que se encerrou em 12 de Outubro.
Paliativamente foram distribuídas em alguns bairros da cidade caixas d’água de dez mil litros cada uma e os moradores organizam-se em filas para pegar água. Há registros de pessoas nas filas durante o dia, tarde, noite e madrugada, desde crianças á idosos. Alguns proprietários de poços artesianos têm abastecido seus lares e também de vizinhos, amigos e familiares. Outros têm buscado água em seus próprios veículos. Outras famílias têm recorrido a Bica e lá uma multidão se organiza para trazer alguns litros e em outro bairro uma torneira tem sido a salvação de vários moradores. Por outro lado há famílias compostas por idosos, por deficientes, por vítimas de AVC, acamados por outros males e outros grupos que não possuem condições de sair de casa para buscar água. Para estas o tormento é muito maior. E um dos recursos encontrado é pagar para que alguém faça o serviço. O sofrimento também é enorme para famílias que não possuem caixas ou vasilhames para armazenamento e que viviam usando a água que saía da torneira.
Na reunião da Câmara de Vereadores realizada em 03 de Novembro houve a participação de várias pessoas em busca de informações sobre quais medidas seriam tomadas para encontrar uma solução para o problema. Cada vereador relatou o que desenvolveu até agora para amenizar a crise. Mas os presentes queriam ouvir mais. Um grupo de manifestante via WhatsApp organizou um protesto para acontecer durante a reunião, mas a Polícia Militar foi chamada e compareceu ao local para acalmar os ânimos. Mesmo assim após o fim da reunião houve vaias e pedidos para que soluções sejam encontradas o mais rápido possível.
Os presentes na reunião queriam que o poder público apresentasse medidas emergenciais para amenizar a crise hídrica e que providenciasse carros pipas para atender a população que tanto sofre. Mas segundo informações repassadas na reunião isto não é possível no momento, considerando que o município atravessa também uma crise financeira forte.

E assim a cidade vai vivendo dias de desespero, dificuldades e muito sofrimento. Problema que também atingiu alguns distritos. E a pergunta fica no ar: até quando a população chapadense viverá constantemente com a falta de água?










Fotos de usuários do WhatsApp e Facebook










Fotos: Maurício Costa

RIO CAPIVARÍ QUE ABASTECE CHAPADA DO NORTE MG ESTÁ SECO E A CIDADE SOFRE COM A FALTA DE ÁGUA

A crise hídrica que assola algumas regiões do Estado de Minas Gerais chegou a seu estágio mais crítico em Chapada do Norte MG em 2015. O Rio Capivarí que abastece a cidade no Vale do Jequitinhonha está completamente seco e a cidade padece com a falta de água nos lares chapadenses.
O rodízio no abastecimento de água está cada vez mais constante e há bairros que ficam semanas sem receber água em suas torneiras. Ruas sem água por 15, 20, 25 dias. Causando um verdadeiro caos na vida destas famílias e alterando totalmente a rotina destas pessoas.

As pessoas com poder financeiro para adquirir caixas d’água de 20 á 60 mil litros estão á fazê-lo visando atender suas necessidades comerciais: pousadas, padarias, mercearias e também necessidades pessoais. Outros que são proprietários de veículos com carrocerias têm viajado quilômetros buscando água em seus reservatórios para atividades básicas do dia a dia. Até motoqueiros tem usado seus veículos para carregar vasilhames com água. Cada um se virando como pode. No bairro conhecido popularmente como Bica onde uma água cristalina jorra por uma nascente há durante todo dia uma enorme aglomeração de pessoas que passam o dia todo aguardando em fila sua vez de levar para casa um balde ou outro recipiente com água para atender suas necessidades diárias. Há outros pontos na cidade como no jardim próximo á Igreja de Nossa Senhora do Rosário onde uma torneira é usada para amenizar o sofrimento dos moradores do entorno da igreja e até de pessoas que residem em pontos mais distantes: pessoas com baldes, bacias e outros utensílios para reservar água, aguardam pacientemente sua vez para levar para casa um pouco deste bem tão precioso. 
Virou rotina ouvir o barulho de bomba puxando água para residências da cidade. E as famílias ficam na expectativa, atentas á qual momento chegará água na torneira. Muitas vezes ela chega durante a madrugada e aí não há como deixar a oportunidade passar: é levantar e ir encher os vasilhames.
Como se não bastasse o grande sofrimento causado pela ausência de água em Chapada do Norte, a cidade ainda sofre com o forte calor durante todo o dia e até durante a noite que tem apresentado-se muito quente estendendo-se até a madrugada. E para completar as estradas da BR 367 que dão acesso á cidade seja pra quem chega de Minas Novas ou de Berilo, estão esburacadas e cobertas por um mar de poeira.
Há uma grande preocupação na população chapadense sobre o futuro dos moradores da cidade. Como serão suas vidas se o rio que abastece a cidade está seco e a chuva é cada vez mais escassa na região?
Que providências serão tomadas pensando na solução de tão grande problema?
Ainda não há respostas para tais questões. Mas há a certeza que tal problema a cada dia que passa vai tomando proporções muitos grandes. E conforme o tempo vai passando, mas difícil fica para resolvê-lo.














































Fotos: Maurício Costa